quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Mantenha-se saudável no Verão




No Verão, a energia vital é exuberante como o sol do meio-dia, irradiando o seu calor  em todas as direções. A semente que se tornou planta na Primavera começa a ter botões, flores e frutos.
Tal como as plantas, também as pessoas desabrocham nesta época: vestem pouca roupa, mostram-se, desfrutam do calor, vivem sem esforço.
Cada pessoa tem em si um Sol, representado pelo coração que produz alegria e irradia calor humano através dos sentimentos.
Na Medicina Tradicional Chinesa o Verão corresponde ao elemento Fogo e envolve principalmente o órgão Coração e a víscera Intestino Delgado.
Qualquer problema relativo à troca de calor humano revela desequilíbrios no Fogo.
Se estamos eufóricos, demasiado excitados, ou fechados e sisudos, e se os nossos ouvidos misturam os sons e a nossa língua não exprime com facilidade o que queremos dizer, isso significa que os movimentos normais do coração estão desregulados.
Para os chineses, coração e mente são a mesma coisa – os pensamentos são movimentos do coração e o coração é o soberano do corpo-mente-espírito.
Quando o Fogo está em equilíbrio dá-nos bons pensamentos, boa vontade, bons sentimentos e facilidade de comunicação, tudo regido por uma alegria essencial à nossa vida.
Para os chineses, o sentimento Alegria é expresso através do Coração.
Porém, quem ri à  toa mostra problemas no elemento Fogo.
Também quem conta piadas compulsivamente,  quem dá gargalhadas escandalosas com frequência, quem nunca ri, quem não fala acerca do que sente, quem fala demais, quem não consegue entender nem ser entendido, quem não retém as emoções boas, quem está sempre “do contra”, quem não tem amigos e quem é gelado denuncia problemas neste elemento.
Sendo a alegria a emoção produzida pelo coração, trata-se de uma energia positiva que  o coração desenvolve para dar estabilidade à pessoa.
Todos os órgãos ao produzirem uma energia, fazem-no de forma a dar estabilidade emocional e física. Daqui se depreende que esta energia (alegria) não só é indispensável como é parte integrante do ser humano.
São comuns as histórias, especialmente de idosos ou pessoas com um coração frágil,  que após gargalhadas intensas e repentinas sofrem um ataque cardíaco.
Foi através destas relações que os chineses consideraram a alegria como emoção energética do coração.
A alegria se moderada fortalece o coração e dá felicidade à pessoa.
No entanto, quando hiper estimulada por longos períodos de tempo ou quando aparece repentina e
muito intensamente tende a dissolver a energia (qi) do coração. É a sua existência em excesso que toma particular relevo na compreensão de determinada maleita cardíaca.
São considerados dois mecanismos para a presença patológica da alegria: a hiperestimulação prolongada, ou o aparecimento repentino e intenso.
 Estes dois mecanismos devem-se a estímulos externos provenientes do meio ambiente e se não conseguirmos controlá-los ou se o equilíbrio energético interno já se encontrar em perigo podem desencadear-se estados patológicos.
É a contra-parte negativa da emoção da alegria.
A alegria em excesso é considerada um estado patológico e chama-se euforia, podendo levar à loucura.
Em MTC existem dois tipos de loucura: a loucura de tipo yang e a loucura de tipo yin.
Ambas têm a ver com a função energética do coração mas, enquanto que a primeira tem a ver com estados de perturbação mental de grande agitação, a segunda tem a ver com as depressões.
É o coração que dirige a nossa capacidade de adaptar as reações interiores às exigências exteriores e quando essa adaptação se processa em equilíbrio ficamos alegres  somos capazes de amar.
Se, pelo contrário, não conseguimos gerir as nossas emoções e não nos adaptamos às exigências exteriores a nossa alegria de viver diminui.
Se cultivarmos estados depressivos e negativos eles espalhar-se-ão pelo nosso corpo como o sangue que é bombeado pelo coração a todas as partes do corpo.
Tomar a peito tudo o que se passa e viver sem prazer ou levar uma vida com excesso de paixão e prazer fragilizam o coração levando a maior ou menor prazo a doenças do foro cardíaco.
A alegria moderada conduz-nos ao amor e à compaixão e a um coração saudável.
SOBRE A ALIMENTAÇÃO
Na Dietética Chinesa, o sabor salgado tonifica a energia do coração, o sabor doce e o sabor amargo dispersam-na e o sabor ácido harmoniza-a.
O sabor pouco amargo tonifica a forma do coração; o muito amargo, o doce, o picante e o salgado dispersam a forma do coração.
O aspecto mais forte do Fogo está na capacidade que o coração tem de governar os sentimentos.
O excesso ou a deficiência do sabor amargo vão fazer com que a pessoa negue o que sente, tenha medo de demonstrar, ou ainda que se mostre demasiado excitada com os seus sentimentos.
Isso geralmente reflete-se no comportamento sexual, podendo a libido ser transferida para a comida, por exemplo, e provocando alterações na renúncia ou apetência por determinados sabores.
Para proteger o Fogo deve-se tomar algo amargo como digestivo, como por exemplo café, chá preto, chá verde, ou extrato de ervas e infusão de casca de limão.
Um pouco de amargo estimula todo o sistema do Fogo, porém, em excesso descontrola o ritmo do coração e a temperatura dos órgãos.
O desejo de comer um chocolate pode estar ligado à necessidade inconsciente de sabor amargo. Mas é preciso ter cuidado, pois o chocolate esgota a energia dos rins.
Quem comete excessos com chocolates e pretende alterar isso pode começar por consumir mais verduras e chás amargos, como por exemplo chá de carqueja.
Quando o Fogo está em equilíbrio a pessoa tem maior apetência por frutos frescos e suculentos, flores, cores, saladas cruas temperadas só com limão e vegetais diversos.

                                              O azedo vai ao fígado,
                                              O amargo ao coração,
                                              O doce vai ao baço,
                                              O apimentado ao pulmão
                                              O salgado aos rins,
                          É o que definimos como os cinco caminhos de entrada.


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